20100601

Amor, jardim meu


Aqueces a alva lágrima do frágil jardineiro.
Floresce a rara alma de um esquecido canteiro.
Jardim colorido, movimentado e encantador,
Sempre a cultivar e semear tão intenso torpor.

Dores cessaram em meio a tanta perda,
Flores brotaram à sombra da velha cerca,
Contrastando a vivas cores invisíveis.
Percebidas por cansados olhos, ainda sensíveis.

Doces os perfumes que me guiam em viagens oníricas,
Fortes os costumes que me cercam em verdades empíricas.
Dos canteiros, nada mais verde que a esperança escondida,
Nada mais nobre que a certeza de uma solidão perdida.

Ah, saboroso néctar de flor tão rara e eternamente almejada,
De gosto tão forte e ameaçador, de servidão tão dominada.
Se por um breve e delicado golpe faz de mim um escravo,
Entrego meu frágil rosto, que dele escorre um brilho alvo.

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